Nunca se falou tanto em Cloroquina como nos dias atuais. A substância é utilizada há décadas para o tratamento da malária. Vamos conhecê-la melhor?
A cloroquina é um medicamento utilizado para tratar malária há mais de 70 anos. Porém, em 1970, observou-se resistência ao medicamento. Por isso, hoje ela é usada somente para um tipo de malária, a vivax, mais comum no Brasil. O remédio está disponível em duas apresentações no país: o sal de cloroquina (ou disfosfato de cloroquina) e a hidroxocloroquina, que também é indicada para doenças reumatológicas como o lúpus e a artrite reumatóide.
Derivada de uma planta medicinal do Peru chamada cinchona, ela já foi associada ao tratamento do zika vírus. Aparentemente, a droga atenua os danos cerebrais da síndrome congênita e de e lesões neurológicas em adultos, protegendo os neurônios infetados da morte pelo vírus.
A cloroquina é um medicamento administrado por via oral usado no tratamento de:
- Todas as formas de malária (terçã benigna, terçã maligna e quartã);
- Artrite reumatoide;
- Supressão do lúpus eritematoso;
- Porfiria cutânea tardia;
- Giardíase;
- Hepatite amebiana.
Como funciona a cloroquina? 🤔
A cloroquina tem efeito contra o ataque agudo da malária causada por algumas espécies de Plasmodium, que é um protozoário causador da malária, sendo eficaz contra P.vivax, P.malarie e P.ovale.
Este medicamento atua rapidamente, controlando os sintomas clínicos e a infecção e reduzindo a febre em cerca de 24 a 48 horas. Também, apresenta ação contra a inflamação e ação tóxica contra a E. histolytica, que é um protozoário causador da amebíase hepática.
Quais são os possíveis efeitos colaterais? 🤔
Os efeitos colaterais mais comuns que podem ocorrer com o uso de cloroquina, são: dor de cabeça, enjoo, vômitos, diarreia, dor de barriga, coceira, irritação e manchas avermelhadas na pele.
Além disso, pode também ocorrer confusão mental, convulsões, queda da pressão sanguínea, alterações no electrocardiograma, episódios psicóticos, hipertensão e visão dupla ou borrada.
E as contraindicações? 🤔
O uso de cloroquina é contraindicado em casos de:
- Gravidez de risco;
- Mulheres em fase de lactação;
- Hipersensibilidade a qualquer componente da fórmula;
- Alterações na retina ou no campo visual.
Cloroquina e coronavírus? 🤔
A cloroquina para o tratamento da infecção pelo novo coronavírus, ainda não é recomendada para todos os casos da COVID-19, porque ainda são necessários mais estudos para comprovar a sua segurança.
De momento, a cloroquina apenas está sendo administrada aos casos mais graves de COVID-19, durante um período de 5 dias, em pessoas que estão internadas no hospital. Essas pessoas são permanentemente monitoradas, de forma a poder detetar e controlar possíveis efeitos colaterais graves que possam surgir, como problemas cardíacos ou alterações na visão.
De acordo com a Anvisa, a compra de cloroquina na farmácia continua sendo permitida apenas para pessoas com receitas médicas sujeitas a controle especial ou que já tinham indicação do medicamento, antes da pandemia de COVID-19.
Tome cuidado! A automedicação pode trazer consequências graves para a saúde. Por isso, antes de se tomar qualquer medicamento, deve-se falar com um médico.
Por que a cloroquina poderia tratar o coronavírus? 🤔
Segundo um estudo realizado na China, foi demonstrado que a cloroquina e a hidroxicloroquina conseguem impedir a entrada do novo coronavírus nas células, assim como inibir seu transporte entre as organelas celulares, reduzindo a capacidade do vírus para se multiplicar.
Da mesma forma, outro estudo desenvolvido na França, também mostrou que a cloroquina parece ser capaz de reduzir a carga viral em pessoas infectadas e que, quando está associada à azitromicina, pode levar a resultados ainda mais promissores.
Porém, é importante ressaltar que as amostras de pacientes utilizadas nestes estudos foram bastante reduzidas e que nem todos obtiveram resultados positivos com o uso da cloroquina. Assim, é necessário fazer mais investigações e com um número maior de pacientes, para afirmar que essas substâncias são, de fato, eficazes e seguras para tratar o novo coronavírus.
Uma vez que são necessários mais estudos, a Anvisa desaconselha a utilização destas substâncias para o tratamento do coronavírus e reforça que, para que sejam incluídas novas indicações terapêuticas em medicamentos já existentes, é necessário realizar mais estudos clínicos numa amostra maior de pacientes.
Além disso, o ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, comunicou que o uso da cloroquina revela a possibilidade de uma série de lesões decorrentes do seu uso, caso não seja orientado por um médico.
A repercussão desse tratamento ganhou força justamente depois de o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, pedir agilidade ao FDA, o órgão fiscalizador e de vigilância sanitária, na liberação da indicação do medicamento para o novo coronavírus. Trump teve como base um estudo feito na França em que o remédio foi testado em 24 pacientes e, nesta amostra, teve bons resultados de eficácia.
Porém, o Ministério da Saúde reforça que a população não compre o medicamento, já que este remédio é usado, normalmente, por pessoas com malária, lúpus e artrite. Apesar da substância ter registrado resultados prósperos em testes para tratamento contra o coronavírus, ainda não há provas de seu efeito contra a Covid-19.
Não corra para a farmácia! 🚨
Por mais que o uso da cloroquina seja promissor, as pessoas não devem promover uma corrida às farmácias para comprar a substância. Como explicamos, seu uso ainda não é seguro e novas pesquisas devem ser concluídas antes de pacientes com coronavírus usarem a substância em seu tratamento.
O pronunciamento da Anvisa 🚨
Diante das notícias veiculadas sobre medicamentos que contêm hidroxicloroquina e cloroquina para o tratamento da Covid-19, a Anvisa esclarece que:
– Esses medicamentos são registrados pela Agência para o tratamento da artrite, lúpus eritematoso, doenças fotossensíveis e malária;
– Apesar de promissores, não existem estudos conclusivos que comprovam o uso desses medicamentos para o tratamento da Covid-19.
Portanto, não há recomendação da Anvisa, no momento, para a utilização em pacientes infectados ou mesmo como forma de prevenção à contaminação pelo novo coronavírus. Lembrando que, a automedicação pode representar um grave risco à sua saúde. Cuide-se!