Fazer xixi o tempo todo é motivo de alerta? Por que o problema é mais comum entre as mulheres?

As causas, sintomas e tratamentos da infecção urinária ainda geram dúvidas, afinal, o problema é mais frequente do que se imagina. Esse tipo de infecção é a mais comum no ser humano, perdendo apenas para as gripes, que são causadas por vírus e não por bactérias.

O que é?

A infecção urinária é causada por bactérias que vivem entre a vagina e o ânus.

Na verdade, o problema não são as bactérias, comuns nessa região. A complicação acontece quando essas bactérias migram para a bexiga, podendo até chegar aos rins. Quando isso acontece, muito provavelmente irá surgir uma infecção. Se as bactérias não alcançarem os rins, o problema, conhecido como cistite, fica apenas concentrado na bexiga. Mas se seguirem para os rins, a infecção, nomeada de pielonefrite, se torna mais grave. Cerca de 30% das mulheres vão apresentar infecção urinária leve ou grave em algum momento da vida.

Quais são os principais vilões?

A bactéria que causa infecções urinárias com maior frequência (aproximadamente 80% dos casos) é a Escherichia coli (E. coli), que está presente naturalmente no intestino.

Na maioria das vezes, essa bactéria causa apenas cistite, mas alguns tipos têm a capacidade de aderir e invadir o trato urinário chegando até os rins. Outros organismos também podem estar associados a infecções urinárias, assim como a cândida, que é um fungo, causador da candidíase.

Certos vírus também podem ser responsáveis por casos mais raros de infecção, especialmente em pacientes imunodeprimidos.

Cistite

A cistite é uma infecção bacteriana na bexiga ou no trato urinário inferior.

Ela é, na maioria das vezes, causada por um tipo de bactéria proveniente do trato gastrointestinal, chamada Escherichia coli. A relação sexual também pode levar à cistite, mas você não precisa ser sexualmente ativo para desenvolvê-la. Todas as mulheres estão em risco de cistite por causa de sua anatomia, especificamente, a curta distância da uretra ao ânus e a abertura uretral à bexiga

Por que as mulheres são mais vulneráveis?

As mulheres são bem mais vulneráveis ao problema por uma questão anatômica: a uretra delas é mais curta e sua entrada fica mais próxima à vagina e ao ânus.

Estudos indicam que mais da metade das mulheres terá pelo menos uma infecção urinária na vida. De acordo com a SBU (Sociedade Brasileira de Urologia), essa é a principal causa de afastamento no trabalho para elas.

A relação com a atividade sexual e o início da vida sexual é frequente, tanto que, quando esse é o motivo da infecção, muitos médicos se referem ao quadro como “cistite de lua-de-mel”.  É importante ressaltar que infecções urinárias não são doenças sexualmente transmissíveis, já que, na maioria das vezes, as bactérias que causam a cistite são da própria pessoa. Mas muitas DST que atualmente são chamadas de IST (infecções sexualmente transmissíveis), podem causar sintomas urinários e, além disso, aumentar a predisposição à infecção.

Quais os sintomas?

Nem sempre uma pessoa com infecção urinária apresenta sintomas, mas quando surgem, os mais comuns são:

  • Ardência forte ao urinar;
  • Forte necessidade de urinar, mesmo tendo acabado de voltar do banheiro;
  • Urina escura, acompanhada de sangue ou com cheiro muito forte;
  • Dor pélvica;
  • Dor no reto;
  • Aumento da frequência de micções;
  • Incontinência urinária.

Atenção: febre, dor nas costas, náusea, vômitos, perda de apetite e calafrios podem indicar que a infecção alcançou os rins. É preciso procurar o serviço médico com urgência nesses casos.

É possível ter uma infecção urinária e não perceber?

Sim, é possível.

A presença de bactérias na urina sem causar sintomas é chamada de bacteriúria assintomática. Quando o processo inflamatório é menor há a possibilidade de não causar sintomas. É mais frequente em mulheres com mais idade e em grávidas, mas nas gestantes sempre deve ser tratada.

Os idosos merecem atenção especial?

Sim, merecem.

Devido a mudanças associadas ao envelhecimento ou a eventuais doenças crônicas, os idosos podem não ter os sintomas clássicos de infecção urinária, o que leva ao atraso no diagnóstico. A pessoa pode não sentir dor ao urinar, por exemplo, e não apresentar febre mesmo que as bactérias já tenham atingido os rins. Em vez disso, pode ter sonolência ou confusão mental. Por isso é importante ficar atento a mudanças de comportamento.

Quais são os fatores de risco?

Questões biológicas e comportamentais podem interferir no risco de infecção urinária. Veja algumas delas:

  • MALFORMAÇÕES:

Alterações anatômicas nas vias urinárias podem fazer com que a urina não seja eliminada completamente, aumentando o risco de infecção. Essa costuma ser a causa mais comum de infecção urinária em recém-nascidos.

  • FIMOSE:

A inflamação do prepúcio é uma causa comum de infecções urinárias em meninos.

  • FRALDAS OU ABSORVENTES:

O uso aumenta o calor e a umidade, favorecendo o crescimento de bactérias, e também há o risco de exposição às fezes.

  • ATIVIDADE SEXUAL: 

O atrito pode causar fissuras minúsculas que favorecem a exposição às bactérias do períneo. É por isso que os médicos recomendam que se faça xixi logo depois das relações. A probabilidade aumenta quando se faz sexo anal sem proteção, ou quando a penetração vaginal ocorre depois da anal sem a troca do preservativo.

  • USO DE ESPERMICIDA:

O gel, seja quando usado com o diafragma ou na camisinha, pode aumentar o risco por interferir na flora vaginal.

  • GRAVIDEZ:

Mais ou menos 17% das gestantes desenvolvem o quadro, que tem a ver com o aumento do nível de progesterona, alterações no sistema imunológico e pelo próprio volume do útero, que afeta a micção.

  • MAUS HÁBITOS:

Beber pouca água e a mania de adiar a ida ao banheiro têm sido apontadas como facilitadores de cistites em crianças e adultos. Meninas e mulheres que urinam de pé, para evitar o contato com o assento, também podem acabar não esvaziando a bexiga direito, por não relaxarem. Por último, a higiene incorreta após usar o banheiro também pode expor ao risco.

  • INTESTINO PRESO:

A constipação crônica pode deixar as mulheres mais vulneráveis ao problema.

 

 

Recomendações

  • Beba muita água. O líquido ajuda a expelir as bactérias da uretra e da bexiga;
  • Urine com frequência. Reter a urina na bexiga por longos períodos é uma contraindicação importante;
  • Urinar depois das relações sexuais favorece a eliminação das bactérias que se encontram no trato urinário;
  • Redobre os cuidados com a higiene pessoal. Mantenha limpas a região da vulva e do ânus. Depois de evacuar, passe o papel higiênico de frente para trás;
  • Sempre que possível, lave-se com água e sabão. Ainda assim, não exagere, pois a lavagem em excesso pode prejudicar o equilíbrio da flora genital, importante para a proteção do nosso organismo;
  • Evite roupas íntimas muito justas ou que retenham calor e umidade, porque facilitam a proliferação das bactérias;
  • Suspenda o consumo de tabaco, álcool, temperos fortes e cafeína. Essas substâncias irritam o trato urinário;
  • Troque os absorventes higiênicos com frequência para evitar o proliferação bacteriana.

Ajuda médica:

Caso você apresente ardência ao urinar, dor pélvica, urina acompanhada de sangue e vontade frequente de urinar procure um clínico geral ou ginecologista imediatamente.

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