As informações a seguir não dispensam a consulta a um médico especialista para o diagnóstico de autismo.
A conscientização sobre o tema é fundamental para informar as pessoas sobre o que é o autismo, reduzindo mitos e preconceitos em torno deste diagnóstico. O acesso à informação ajuda pais, professores e familiares de crianças com TEA a conhecerem melhor as características do transtorno e como lidar com ele.
O autismo, cujo nome técnico oficial é Transtorno do Espetro Autista (TEA), é um transtorno de desenvolvimento caracterizado pela dificuldade de comunicação e interação social, e por comportamentos repetitivos e/ou restritos.
Embora, como mencionado, essas sejam as principais, as características apresentadas por esses indivíduos são diversas, por isso o nome “espectro” e o símbolo do transtorno ser um quebra-cabeças, devido a sua complexidade e diversidade. O TEA tem uma prevalência em indivíduos do sexo masculino. Os seus sintomas, que podem variar de leves a severos, surgem desde os primeiros anos de vida. Os indivíduos no espectro podem ter vida independente, entretanto, em alguns casos, podem ser dependentes por toda a vida para a realização das atividades do dia a dia.
As causas não são totalmente conhecidas, e a pesquisa científica sempre concentrou esforços no estudo da predisposição genética, analisando mutações espontâneas que podem ocorrer no desenvolvimento do feto e a herança genética passada de pais para filhos.
No entanto, já há evidências de que as causas hereditárias explicariam apenas metade do risco de desenvolver TEA. Fatores ambientais que impactam o feto, como estresse, infecções, exposição a substâncias tóxicas, complicações durante a gravidez e desequilíbrios metabólicos teriam o mesmo peso na possibilidade de aparecimento do distúrbio.
Quais são os sintomas?
A maioria dos pais de crianças com autismo suspeita que algo está errado antes de a criança completar 18 meses de idade e busca ajuda antes que ela atinja 2 anos. Entre os sintomas apresentados, as crianças com autismo normalmente têm dificuldade em:
- Brincar de faz de conta;
- Interações sociais;
- Comunicação verbal e não verbal.
Algumas crianças com autismo parecem comuns antes de um ou dois anos, mas de repente “regridem” e perdem as habilidades linguísticas ou sociais que adquiriram anteriormente. Esse tipo de autismo é chamado de autismo regressivo. Uma pessoa com autismo pode apresentar os sintomas:
- Ter visão, audição, tato, olfato ou paladar excessivamente sensíveis (por exemplo, eles podem se recusar a usar roupas “que dão coceira” e ficam angustiados se são forçados a usá-las);
- Ter uma alteração emocional anormal quando há alguma mudança na rotina;
- Fazer movimentos corporais repetitivos;
- Demonstrar apego anormal aos objetos.
Os problemas de comunicação no autismo podem incluir:
- Não poder iniciar ou manter uma conversa social;
- Comunicar-se com gestos em vez de palavras;
- Desenvolver a linguagem lentamente ou não desenvolvê-la;
- Não ajustar a visão para olhar para os objetos que as outras pessoas estão olhando;
- Não se referir a si mesmo de forma correta (por exemplo, dizer “você quer água” quando a criança quer dizer “eu quero água”);
- Não apontar para chamar a atenção das pessoas para objetos (acontece nos primeiros 14 meses de vida);
- Repetir palavras ou trechos memorizados, como comerciais;
- Usar rimas sem sentido.
Existem diversos sintomas que podem indicar autismo, e nem sempre a criança apresentará todos eles. Os sintomas do autismo podem ser agrupados em:
- Não faz amigos;
- Não participa de jogos interativos;
- É retraído;
- Pode não responder a contato visual e sorrisos ou evitar o contato visual;
- Pode tratar as pessoas como se fossem objetos;
- Prefere ficar sozinho, em vez de acompanhado;
- Mostra falta de empatia;
- Não se assusta com sons altos;
- Tem a visão, audição, tato, olfato ou paladar ampliados ou diminuídos;
- Pode achar ruídos normais dolorosos e cobrir os ouvidos com as mãos;
- Pode evitar contato físico por ser muito estimulante ou opressivo;
- Esfrega as superfícies, põe a boca nos objetos ou os lambe;
- Parece ter um aumento ou diminuição na resposta à dor;
- Acessos de raiva intensos;
- Fica preso em um único assunto ou tarefa (perseverança);
- Baixa capacidade de atenção;
- Poucos interesses;
- É hiperativo ou muito passivo;
- Comportamento agressivo com outras pessoas ou consigo;
- Necessidade intensa de repetição;
- Faz movimentos corporais repetitivos.
É importante destacar que cerca de um terço das pessoas que apresentam o transtorno não desenvolverá a fala. Além disso, um terço delas também apresenta algum nível de deficiência intelectual. É importante destacar ainda que alguns indivíduos são extremamente inteligentes, sendo insuperáveis em suas áreas de conhecimento.
Existe cura?
O TEA não tem cura, no entanto, a realização de terapias é essencial para o melhor desenvolvimento do indivíduo, e essas intervenções devem ser iniciadas antes mesmo de um diagnóstico completamente fechado. O tratamento é interdisciplinar e envolve diversos profissionais. Dentre as terapias a serem realizadas, podemos destacar a psicoterapia, a fonoterapia e a terapia ocupacional.
Em alguns casos em que o indivíduo apresenta, por exemplo, autoagressividade, irritabilidade, hiperatividade, insônia, entre outros sintomas, pode ser necessária a administração de medicamentos, os quais serão indicados pelo médico responsável.
Como descobrir o autismo?
O médico procurará por sinais de atraso no desenvolvimento da criança. Se observados os principais sintomas do autismo, ele encaminhará a criança em questão para um especialista, que poderá fazer um diagnóstico mais exato e preciso. Geralmente, ele é feito antes dos três anos de idade, já que os sinais do transtorno costumam aparecer cedo.
Para realizar o diagnóstico, o médico utiliza o critério do Manual de Diagnóstico e Estatística de Transtornos Mentais, da Associação Americana de Psiquiatria. Segundo ele, a criança poderá ser diagnosticada com autismo se apresentar pelo menos seis dos sintomas clássicos do transtorno.
Existem fatores de risco?
Sim, alguns fatores são considerados de risco para o desenvolvimento do autismo, como: histórico familiar, problemas de saúde específicos (epilepsia e esclerose tuberosa), e a idade dos pais, ou seja, quanto mais avançada a idade, mais chances de a criança desenvolver autismo até os três anos.
As vacinas
Ainda se acredita muito que algumas vacinas possam causar autismo em crianças. Os pais podem pedir ao médico ou enfermeira que esperem ou até mesmo recusem a aplicação da vacina. No entanto, é importante pensar também nos riscos de não vacinar a criança.
Algumas pessoas acreditam que uma pequena quantidade de mercúrio (chamada de timerosal), que é um conservante comum em vacinas multidose, causa autismo ou TDAH. No entanto, as pesquisas NÃO indicam que esse risco seja verdadeiro.
A American Academy of Pediatrics e The Institute of Medicine dos EUA, concordam que nenhuma vacina ou componente dela é responsável pelo número de crianças que atualmente são diagnosticadas com autismo. Eles concluíram que os benefícios das vacinas são maiores do que os riscos. Todas as vacinas de rotina da infância estão disponíveis em formas de dose única em que não foi adicionado mercúrio.
Como são feitos os tratamentos?
A maioria dos tratamentos aumentarão os interesses da criança com uma programação altamente estruturada de atividades construtivas. Os recursos visuais geralmente são úteis.
O principal objetivo do tratamento é maximizar as habilidades sociais e comunicativas da criança por meio da redução dos sintomas do autismo e do suporte ao desenvolvimento e aprendizado.
Mas a forma de tratamento que tem mais êxito é o que é direcionado às necessidades específicas da criança. Um especialista ou uma equipe experiente deve desenvolver o programa para cada criança. Há várias terapias para autismo disponíveis, incluindo:
- Terapias de comunicação e comportamento;
- Medicamentos;
- Terapia ocupacional;
- Fisioterapia;
- Terapia do discurso/linguagem.