A perda involuntária de urina é chamada de incontinência urinária. Muito mais comum do que você poderia imaginar, essa condição atinge 10 milhões de brasileiros todos os anos. De acordo com a Sociedade Brasileira de Urologia, embora seja mais comum em idosos, pode afetar pessoas de qualquer idade.

O que exatamente é a incontinência?

Simplificando, é a perda do controle da bexiga. Pode variar de pequenos escapes ocasionais quando você tosse, ri ou espirra a uma vontade de urinar que é tão forte, que você não consegue chegar ao banheiro a tempo.

Muitas mulheres com incontinência urinária deixam de realizar certas atividades por causa dos escapes de urina. Talvez elas tenham medo de um acidente constrangedor quando estão com os amigos e, por isso, preferem ficar em casa. Talvez elas deixem de praticar as atividades físicas de que gostam, como aeróbica, tênis, dança ou jardinagem, devido à incontinência. Ou talvez até uma pequena saída para fazer compras, se não houver um banheiro por perto, possa virar uma fonte de ansiedade. Não precisa ser assim. Com um pouco de controle, você pode viver uma vida cheia das atividades que você adora, mesmo sofrendo de incontinência.

Existe um equívoco comum em relação à incontinência, pois muita gente acha que ela só afeta os idosos. Na verdade, uma em cada três mulheres com 35 anos ou mais sofre de incontinência. Portanto, se você tiver pequenos escapes ou jatos, você não está sozinha.

Conheça os tipos de incontinência urinária e suas possíveis causas:

Os sintomas de incontinência que você apresenta dependem do tipo de incontinência que você tiver. Existem cinco tipos principais de incontinência urinária:

Incontinência por estresse:

A incontinência por estresse é causada por um enfraquecimento do assoalho pélvico, o sistema de músculos, ligamentos e nervos que sustenta a bexiga. Quando o seu assoalho pélvico está enfraquecido, ele não é mais capaz de conter pequenos escapes de urina quando sofre estresse por atividades como tossir, espirrar, rir ou levantar objetos pesados. Leia mais sobre incontinência por estresse aqui.

Incontinência de urgência:

A incontinência de urgência, também conhecida como bexiga hiperativa, ocorre devido a danos nos nervos ao redor da bexiga. Como resultado, a bexiga deixa de comunicar-se efetivamente com o cérebro quando precisa ser esvaziada. Isso leva a um desejo repentino e intenso de urinar, mas muitas vezes não dá tempo de ir ao banheiro, resultando em uma perda involuntária de urina. O desejo de urinar pode surgir com mais frequência do que com uma bexiga saudável, geralmente fazendo com que você se levante mais de uma vez no meio da noite para urinar. Leia mais sobre a incontinência de urgência aqui.

Incontinência por transbordamento:

A incontinência por transbordamento ocorre quando a bexiga não consegue se esvaziar completamente. A pressão de uma bexiga excessivamente cheia resulta em um gotejamento ou fluxo constante e involuntário de urina. Leia mais sobre incontinência por transbordamento aqui.

Incontinência funcional:

A incontinência funcional é o resultado de uma deficiência física ou mental que a impede de ir ao banheiro a tempo de esvaziar a bexiga.

Incontinência mista:

A incontinência mista é qualquer combinação de dois ou mais dos tipos de incontinência mencionados acima.

Quais são as causas?

A eliminação da urina é controlada pelo sistema nervoso autônomo, mas pode ser comprometida nas seguintes situações:

  •  Comprometimento da musculatura dos esfíncteres ou do assoalho pélvico;
  • Gravidez e parto;
  • Tumores malignos e benignos;
  • Doenças que comprimem a bexiga;
  • Obesidade;
  • Tosse crônica dos fumantes;
  • Quadros pulmonares obstrutivos que geram pressão abdominal;
  • Bexigas hiperativas que contraem independentemente da vontade do portador;
  • Procedimentos cirúrgicos ou irradiação que lesem os nervos do esfíncter masculino.

O tratamento da incontinência urinária por esforço é basicamente cirúrgico, mas exercícios ajudam a reforçar a musculatura do assoalho pélvico. Para a incontinência urinária de urgência, o tratamento é com medicamentos e fisioterapia.

Embora deixados de lado, existem 3 motivos que contribuem para a incontinência urinária: obesidade, constipação e tosse crônica. Na obesidade, a gordura de sobra pode acabar pressionando o reservatório de urina, o que eleva a possibilidade de escoamentos indesejados. Quando se tem constipação, trechos do intestino ficam bem próximos da bexiga. Logo, se estão repletos de fezes, prensam esse órgão ou nervos que disparam as contrações responsáveis pela incontinência. E em casos de tosse crônica, problemas como a doença pulmonar obstrutiva crônica (DPOC) culminam em acessos de “cof cof” que comprimem, lá embaixo, a musculatura do assoalho pélvico. E isso promove a saída da urina.

Incontinência fecal ou de gases, dores na pelve, desconforto na relação sexual, sensação de que a região vaginal está “frouxa” e ardência são alguns dos sintomas que podem indicar problemas no assoalho pélvico.

É possível prevenir?

Há caminhos para diminuir as chances de problemas. Assim como as adolescentes costumam consultar uma ginecologista após a primeira menstruação, o ideal seria fazer uma avaliação com uma fisioterapeuta pélvica na juventude.

Procurar ajuda antes da primeira gestação pode ajudar, pois será possível focar em exercícios para deixar o assoalho pélvico equilibrado e saudável. Lembrando que, cada caso é um caso e os movimentos são específicos para cada musculatura. Há exercícios de contração, elevação, inclinação, é mais complexo do que só apertar e soltar.

Consulte seu ginecologista e uma fisioterapeuta pélvica. Como os sintomas podem estar associados a diferentes fatores, é feita uma investigação e um tratamento multidisciplinar, que pode incluir medicação, fisioterapia pélvica, cremes vaginais, terapia com lasers ou eletroestimulação.

A incontinência não tem cura?

Tem cura! A fisioterapia possui exercícios e aparelhos como Biofeedback e eletroestimulação que são capazes de curar, ou no mínimo, melhorar em mais de 70% a perda da urina, em homens, mulheres ou crianças. Mas além disso, existem remédios e a cirurgia pode ser indicada como forma de tratamento, mas em todo caso a fisioterapia é necessária.

Além disso, durante o tratamento pode-se usar roupas íntimas especiais para incontinência que conseguem absorver quantidades pequenas a moderadas de urina, neutralizando o odor. Estas roupas íntimas são uma excelente opção em substituição dos absorventes.

Bexiga baixa e incontinência é a mesma coisa?

Verdade. Popularmente o temo conhecido para incontinência urinária é ‘bexiga baixa’ pelo fato dos músculos que seguram a bexiga estarem mais fracos, o que deixa a bexiga mais baixa que o normal. No entanto, bexiga baixa não é o mesmo que prolapso uterino, que é quando pode-se ver o útero muito perto, ou até mesmo fora, da vagina. Em todo caso há incontinência, sendo mais demorado o seu controle com fisioterapia, medicamentos e cirurgia.

Recomendações:

  • Não pense que incontinência urinária é um mal inevitável na vida das mulheres depois dos 50, 60 anos. Se o distúrbio for tratado como deve, a qualidade de vida melhorará muito;
  • Considere os fatores que levam à incontinência urinária do idoso – uso de diuréticos, ingestão hídrica, situações de demência e delírio, problemas de locomoção – e tente contorná-los. Às vezes, a perda de urina nessa faixa de idade é mais um problema social do que físico;
  •  Evitar a obesidade e o sedentarismo, controlar o ganho de peso durante a gestação, praticar exercícios fisioterápicos para fortalecer o assoalho pélvico, são medidas que podem ser úteis na prevenção da incontinência urinária.

 

 

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