A queixa de mau cheiro nas axilas é extremamente comum nos consultórios de dermatologia. A esse mau cheiro, damos o nome de Bromidrose. O mau odor nessa área é extremamente desagradável, sendo muitas vezes desconfortável socialmente.
Todo mundo sabe o que acontece quando suamos demais, né? Sim, estamos falando do cecê, aquele cheiro péssimo que é a dica para você não levantar o braço até tomar um banho. Mas, você sabia que esse cheiro pode variar de pessoa para pessoa, tanto em intensidade quanto no odor em si? A causa do cecê não é simplesmente o suor acumulado debaixo das axilas, mas sim a mistura entre restos de pele, sais e água que acaba sendo ambiente bem maneiro para a proliferação de bactérias e fungos.
Existem glândulas sudoríparas espalhadas por toda a extensão da pele e elas são as responsáveis pela produção do suor, uma secreção natural cuja principal função é regular e manter estável (na casa dos 36,5 ºC) a temperatura do corpo, o que explica o suor em pessoas com febre, por exemplo. Existem no corpo humano dois tipos de glândulas sudoríparas: as écrinas e as apócrinas.
O primeiro grupo têm função termorreguladora e está distribuído ao longo de toda a superfície do corpo desde o nascimento do bebê, permanecendo ativo até a velhice. O suor que essas glândulas eliminam pelos poros é constituído basicamente por água e alguns sais que não se decompõem, de modo que elas praticamente não exalam nenhum cheiro.
Já as glândulas apócrinas se desenvolvem em no início da adolescência e apenas em algumas regiões do corpo, como axilas, área genital, couro cabeludo e ao redor dos mamilos. O suor que secretam é eliminado através dos folículos pilosos e, além de água e alguns sais, contém restos celulares e do metabolismo que podem produzir odores desagradáveis quando expostos à ação de bactérias e fungos, em ambientes em que calor, umidade e falta de luz sejam predominantes.
Por que do nome cecê e bromidrose?
O termo “cecê” foi criado em uma propaganda de sabonete que chegou ao Brasil em 1940, importado dos Estados Unidos. Em um período de forte industrialização, com o surgimento de diversos novos produtos, entre eles itens de higiene, os publicitários foram importantes para o estabelecimentos de “diferentes discursos em torno da substituição do natural pelo artificial”. Naquele contexto, os comunicadores foram responsáveis por ter traduzido a expressão body odor – “B.O.” – literalmente para “cheiro de corpo”, criando a sigla “C.C.” para imitar o modelo de sigla usado pelos americanos.
Existe, porém, outra versão para a palavra de acordo com relatos de um Brasil escravista, ou seja, os homens brancos cheiravam roupas usadas por mulheres negras para se excitarem durante as noites de núpcias com mulheres brancas. A utilização desse santo remédio chamado de “catinga de crioula”, depois deslocado para o “cheiro de corpo” ou simplesmente “cc”.
Se as duas origens possíveis para o termo cecê apontam para discriminações, a bromidrose não se trata simplesmente do cheiro, ela tem como sintoma característico o odor intenso, que é aquele que chega a ser desagradável tanto para a pessoa quanto para quem está em volta. O cheiro ruim é resultado do encontro entre o suor produzido pelas glândulas que se alojam nas partes do corpo.
Quando o cheiro se concentra na região da axila, a condição é chamada de bromidrose axilar, popularmente conhecida como cecê, o “cheiro do corpo“, e há também a bromidrose plantar, ou chulé, que é quando os sintomas se manifestam nos pés.
Como acabar com o mau cheiro?
- Esteja sempre atento à higiene pessoal;
- Seque bem a pele depois do banho, especialmente a pele das axilas;
- Prefira sabonetes antissépticos e desodorantes antiperspirantes;
- Troque de roupas todos os dias;
- Use produtos para eliminar os odores durante a lavagem das roupas;
- Evite roupas de tecido sintético, especialmente as meias. Prefira peças de puro algodão.
Na hora do banho utilize um sabonete específico para as axilas. Lave bastante, se possível três vezes ao dia, e seque a área o máximo. Não use receitas caseiras, pois podem comprometer a pele e piorar ainda mais a situação. O ideal é sempre procurar por um médico especialista que avaliará o seu caso.
Existem diversas modalidades terapêuticas disponíveis para o tratamento do odor corporal. O tratamento escolhido deve considerar a causa do mau odor e o grau de comprometimento na qualidade de vida do paciente. Em geral, o tratamento objetiva dois alvos: controlar a quantidade de suor e reduzir o número de bactérias na pele.
Os desodorantes são eficazes?
Desodorantes Antitranspirantes reduzem a produção da transpiração. O cloridrato de alumínio, seu principal componente ativo, conta com cátions Al3+, responsáveis por coagular as proteínas e formar estruturas bloqueadoras que fecham os dutos das glândulas sudoríparas.
Desodorantes Antiperspirantes bloqueiam os poros que levam o suor até a camada superficial da pele. A redução da umidade faz com que as bactérias não se desenvolvam tanto, ou seja, não produzindo o mau cheiro. O melhor horário para aplicar o antiperspirante é na parte da noite, com a pele limpa e seca. Seu efeito tem a duração de um dia inteiro, sem a necessidade de outra aplicação.
Recomendação
Se as suas axilas produzem mau cheiro e as dicas acima não funcionarem, procure um dermatologista, que é o especialista indicado para esses casos. Outras opções de tratamento para o mau cheiro das axilas que podem ser indicados pelo dermatologista incluem:
- Remoção definitiva dos pelos das axilas.
- Uso de antibióticos tópicos nas axilas, como clindamicina ou eritromicina.
- Lipossucção para remoção das glândulas apócrinas da axila.
- Tratamento a Laser das glândulas apócrinas.