O câncer do colo do útero é o terceiro tipo de câncer mais comum em mulheres e a quarta causa de morte por câncer entre elas no Brasil.
O principal fator de risco é a infecção pelo papilomavírus humano (HPV), que é transmitido sexualmente. Quando é descoberto na fase inicial, o câncer do colo do útero tem 100% de chances de cura. Veja quais as formas de prevenção e diagnóstico precoce do câncer do colo do útero e a quais sinais ficar atenta para procurar o médico.
Entendendo melhor…
O colo do útero é considerado uma área de transição, onde o tecido da vagina passa a ter as características necessárias para que o útero possa hospedar o feto enquanto ele se desenvolve. Esta região é vulnerável a diversos agentes agressores, que podem provocar lesões com células anormais (chamadas de pré-cancerosas) e, ao longo do tempo, evoluir para o câncer do colo do útero.
Geralmente, o câncer de colo do útero se desenvolve de forma lenta, seguindo alguns estágios de evolução. Isso aumenta as chances de ser diagnosticado precocemente. Mas, quando demora para ser detectado e tratado, o câncer pode invadir o útero, a vagina e gânglios linfáticos, o que permite às células cancerosas entrarem na circulação sanguínea. Com isso, migram para partes distantes do corpo e o câncer pode afetar outras partes, dando origem a metástases.
Sinais e sintomas
Por ser uma doença de desenvolvimento lento, a fase inicial do câncer do colo de útero não costuma apresentar sinais e sintomas. Em estágios mais avançados ou quando já acometeu outras regiões, a doença pode causar:
- Sangramento vaginal anormal;
- Sangramento e dor após a relação sexual;
- Menstruação mais longa que o comum;
- Dor abdominal;
- Secreção vaginal anormal, acompanhada ou não de sangue.
Esses sinais e sintomas não são exclusivos do câncer do colo do útero, também podem acontecer devido a outros fatores. Mas, caso perceba algum deles, procure um ginecologista para ele identificar o motivo e indicar o melhor tratamento para o seu caso.
Os tipos
Existem dois tipos principais de câncer de colo do útero relacionados à infecção pelo HPV: os carcinomas epidermoides, mais comuns, e os adenocarcinomas.
Os carcinomas epidermoides são os mais frequentes e estão fortemente ligados à infecção persistente por certos tipos de HPV, como os subtipos 16 e 18.
Por outro lado, os adenocarcinomas são menos comuns, mas apresentam uma tendência de aumento em alguns países. Eles se originam das células glandulares produtoras de muco no colo do útero e estão relacionados principalmente aos subtipos de HPV 16, 18, 45 e 31.
Quais são os fatores de risco?
Alguns fatores aumentam o risco de desenvolver câncer, mas isso não significa que você vai ter câncer de colo de útero.
Infecção por HPV: é o mais importante fator de risco. O HPV é uma família com cerca de 140 tipos de vírus, alguns causam verrugas genitais (condiloma) e outros, câncer de colo do útero: os chamados HPVs de alto risco. Os HPVs são transmitidos sexualmente e o risco de infecção é maior em quem tem início precoce da vida sexual e mantém relações sexuais sem preservativo. Atualmente, não existe cura nem tratamento diretamente contra o HPV, mas em geral a infecção desaparece sem tratamento.
O exame de Papanicolaou detecta alterações nas provocadas células pelo HPV e, embora não haja tratamento para a infecção, o crescimento celular anormal que ele ocasiona pode e deve ser tratado. Embora seja o mais importante fator de risco para o câncer de colo do útero, a maioria das mulheres infectadas não desenvolve a doença. O exame, que pode detectar as lesões pré-cancerosas causadas pelo HPV, consiste na análise microscópica de células do colo do útero obtidas por meio de uma leve raspagem.
Todas as mulheres devem fazer o Papanicolaou anualmente, a partir dos 21 anos ou do terceiro ano após o início de sua vida sexual. A partir dos 30 anos, mulheres que tiveram três exames de Papanicolaou normais seguidos podem fazê-lo a cada dois ou três anos ou fazer o Papanicolaou a cada três anos junto com o teste de DNA de HPV, se negativo. Mulheres expostas ao HIV ou com problemas no sistema imunológico devem fazer o exame anualmente. Mulheres com 70 anos ou mais que tiveram três ou mais testes normais em sequência (e nenhum resultado anormal em 10 anos) podem parar de fazer esses exames.
Prevenção
- Uso de preservativos (camisinha) durante a relação sexual;
- Vacinação;
- Exame citológico (Papanicolaou).
O Ministério da Saúde incluiu a vacina tetravalente contra o HPV no calendário de vacinação em 2014, para meninas de 9 a 13 anos. Mesmo as mulheres vacinadas devem fazer o exame preventivo a partir dos 25 anos, pois a vacina não protege contra todos os subtipos do HPV.
Diagnóstico
Durante o exame, um profissional de saúde coleta células do colo do útero e as coloca em uma lâmina de vidro. Essas células são enviadas a um laboratório onde são examinadas sob um microscópio por um patologista, um especialista em avaliação de doenças.
Todas as mulheres sexualmente ativas, com idades entre 25 e 64 anos, devem fazer o exame preventivo. Devido à longa evolução da doença, o exame pode ser realizado a cada três anos. Os dois primeiros exames, no entanto, devem ser anuais. Se os resultados estiverem dentro dos padrões considerados como “normais”, sua repetição só será necessária após três anos.
Quais os cuidados para a realização do exame preventivo?
- Não ter relação sexual, nem mesmo com camisinha, dois dias antes do exame;
- Não usar duchas ou medicamentos vaginais nos dois dias anteriores ao exame;
- Não estar menstruada (regulada).
Em caso de sangramento fora do período menstrual, a mulher deve procurar o serviço de ginecologia.
O exame dói?
O exame é simples e rápido. Pode, no máximo, provocar um pequeno incômodo. No entanto, esse desconforto diminui se a mulher conseguir relaxar e se o exame for feito com delicadeza e boa técnica.
Com que frequência deve ser feito o preventivo?
Caso o exame não tenha apresentado qualquer alteração, a mulher deve fazer o preventivo no ano seguinte. Se novamente não houver alteração, o exame poderá ser realizado de três em três anos. Converse com seu médico e informe-se sobre o exame Papanicolau.
Existe cura?
Sim. Mas como qualquer outro tipo de câncer, as chances de cura irão depender do momento do diagnóstico da doença e, principalmente, do estadiamento dela. Obviamente, quanto mais cedo for a descoberta do câncer de colo de útero, maiores as possibilidades de cura. Logo, é bom cumprir os prazos de realização dos exames necessários para não correr este risco e, se for o caso, garantir uma detecção precoce.